quarta-feira, 14 de novembro de 2012

De Sofia a Sophia..., por Carmem Toledo



The Sophia Loren Archives
(http://www.lorenarchives.com)


 Sofia Villani Scicolone nasceu no dia 20 de Setembro de 1934, em Roma, mais precisamente na Clínica Regina Margherita, às 14h10 de uma quinta-feira. Viveu boa parte de sua vida em Nápoles.


Filha de Romilda Villani (que, aos 17 anos, ganhou um concurso como a jovem mais parecida com a atriz Greta Garbo) e de Riccardo Scicolone (que nunca se casou com Romilda e nunca assumiu seu papel de pai), Sofia recebeu este nome em homenagem à sua avó paterna.

Como seu pai sempre foi ausente, Sofia costumava chamar seu avô materno, Domenico Villani, de "Papa" (Papai). Também tinha o hábito de chamar sua avó materna, Luisa Zotti, de "Mamma" e sua mãe de "Mammina".

Sua infância não foi nada fácil. Passou fome ao lado da mãe e da irmã Maria.
Sofia chegou a pedir chocolates aos soldados, durante a Segunda Guerra Mundial.
Fraca e magra, era chamada de "Stuzzicadenti" ("Palito de dente") e "Stecchetto" ("Varetinha") pelos vizinhos e colegas de classe.


The Sophia Loren Archives
(http://www.lorenarchives.com)
Mas aquela menininha desabrochou e se tornou uma bela moça.
Aos 14 anos, em outubro de 1949, foi levada por sua mãe para participar do concurso "Reginetta del Mare". Sofia não ganhou, mas ficou entre as 20 primeiras colocadas.

Nos anos seguintes, participou como figurante em alguns filmes. Sua estreia foi em "Quo Vadis?", em 1950, juntamente com sua mãe. Ambas receberam 33 Dólares como cachê e passaram por uma situação um tanto desagradável: No intervalo das filmagens, chamavam os sobrenomes de quem deveria receber um lanche e retornar no outro dia. Quando gritaram o nome "Scicolone", uma mulher se adiantou e, com um sorriso maldoso, apresentou-se como tal. Tratava-se da então esposa de seu pai. Houve uma pequena discussão entre Romilda e a mulher e Sofia sentiu-se humilhada.

The Sophia Loren Archives
(http://www.lorenarchives.com)
Para sobreviver, começou a posar como modelo para as revistas "fumetti" (revistas que publicavam  fotonovelas na Itália). No dia 19 de novembro de 1950, fez sua primeira capa da "fumetti" Sogno, como Sofia Lazzaro. Chegou também a usar seu próprio nome, Sofia Scicolone, mas os editores resolveram mudar seu nome artístico para Sofia Lazzaro, pois diziam que sua beleza podia até reerguer os mortos.

Um dia, foi com uma amiga para assistir ao concurso Miss Itália, onde foi descoberta pelo produtor Carlo Ponti, que a inscreveu no concurso imediatamente, para sua surpresa. Sofia não ganhou o concurso, mas Ponti a convidou para um teste cinematográfico e, assim, o produtor começou a abrir as portas do cinema para Sofia, matriculando-a em um curso de arte dramática.

Sempre confiante e batalhadora, não desistia de seus objetivos.
Dino Risi a chamava "Miss Anticamera", porque passava dias inteiros nas portas dos estúdios para conseguir um papel.

The Sophia Loren Archives
(http://www.lorenarchives.com)
Quando Ponti sentiu que Sofia estava preparada, lançou-a no filme "Africa sotto i mari", dando-lhe o nome artístico Sophia Loren, inspirado na atriz sueca Marta Tóren.

Sua irmã, Anna Maria Scicolone, nascida no dia 11 de maio de 1938, protagonizou uma passagem triste, que foi um momento de tomada de atitude na vida de Sophia:

Riccardo Scicolone, pai de Sophia e de Maria, havia se casado com outra mulher, Nella Rivolta, que, já separada, entrou com um processo segundo o qual ambas usavam o sobrenome Scicolone indevidamente, uma vez que ele não as reconhecia como filhas..

O ano era 1953 e Sophia, aos 19 anos, fazia seu segundo papel de destaque no cinema, no filme "Aída". Deu todo seu cachê ao pai e à sua ex-esposa, comprando, assim, o sobrenome da irmã.

Casou-se com Carlo Ponti em 1957, aos 23 anos. Seu casamento foi marcado por muitas dificuldades, tendo sido anulado em 1962, por causa das leis da Itália e da Igreja Católica. Carlo era separado e o divórcio não era permitido em seu país.

Enquanto isso, o ator Cary Grant - seu ídolo na adolescência - se apaixonava perdidamente por Sophia, durante as filmagens de "The pride and the passion". Foi então que ela provou todo o amor que sentia por Ponti, pois permaneceu a seu lado e deixou clara sua amizade por Grant, esperando uma solução para sua união tão conturbada perante a imprensa e o Vaticano, que, a esta altura, já os acusavam de bigamia.

The Italy Wiki
(http://theitalywiki.com)
Finalmente, em 1966, casaram-se no México, por procuração.
Sua união durou até 2007, quando Carlo Ponti faleceu. Tiveram dois filhos: Carlo Ponti Jr. - nascido no dia 29 de dezembro de 1968, hoje é maestro - e Edoardo Ponti - nascido em 6 de janeiro de 1973, é diretor de cinema.

No início da década de 80, foi presa em Nápoles por sonegação fiscal.
Nessa época, ela recebeu um convite de Lina Wertmüller para trabalhar em uma adaptação para o cinema de "Tieta do Agreste". Sophia faria o papel da personagem principal na fase madura. O projeto foi abandonado, mas quase chegou a se realizar.

Sophia Loren recebeu o Oscar de Melhor Atriz pelo filme "La Ciociara", em 1962.
Como não esperava ganhar o prêmio, resolveu não comparecer à cerimônia. Para sua surpresa, foi a primeira atriz a atuar em um filme de língua estrangeira a ganhar a estatueta.
Quem o recebeu por Sophia, das mãos de Burt Lancaster, foi a atriz britânica Greer Garson.
Em 1991, recebeu o Oscar Honorário pela sua carreira.

Com mais de 100 filmes, Sophia não apenas ajudou a escrever a história do cinema, mas uma história de amor, lutas e muito talento.

Carmem Toledo.



Texto: Carmem Toledo.
Imagens: http://www.lorenarchives.com
Informações principais: Trechos de "La mia casa è piena di specchi" (filme baseado no livro de Maria Scicolone, irmã de Sophia), entrevistas e homenagens à atriz, além dos sites http://www.lorenarchives.com , http://archiviostorico.corriere.ithttp://portaldecinema.com.br , http://memoriaviva.com.br e http://www.cartamaior.com.br

P. S.: Mais informações sobre a vida e a carreira de Sophia Loren podem ser encontradas em sua autobiografia - "Sophia Loren: Ontem, Hoje e Amanhã - A minha vida", publicada no Brasil pela BestSeller (selo da Editora Record) em 2014.



Autoria

O blog "Sophia... Ieri, Oggi, Domani" (sophiaierioggidomani.blogspot.com) é de autoria de Carmem Toledo. Está proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui publicado, inclusive dos disponibilizados através de links aqui presentes. A mesma observação se estende a todos os blogs e páginas da autora ("Culturofagia", "Voz Neurodiversa", "O Caminhante Solitário") e toda e qualquer criação, seja em forma de texto ou ilustração, por ela assinada.
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